Paraná -
Policial -
21/09/2025 09:20
Estado de conservação dos corpos não seria compatível com os 44 dias em que, segundo a polícia, teriam permanecido enterrados. Delegado rebate acusações.
Famílias dos cobradores mortos em Icaraíma, no noroeste do Paraná, afirmam que vão pedir a exumação dos corpos para a realização de uma perícia independente. A decisão foi tomada após desconfianças em relação à versão oficial apresentada pela polícia sobre as circunstâncias das mortes. O delegado-chefe da 7ª Subdivisão Policial, Gabriel Menezes, refutou as acusações.
Para Meiriany de Souza, viúva de Rafael Juliano Marascalchi, ele e as outras três vítimas não foram mortos no dia 5 de agosto, quando os desaparecimentos foram registrados na Polícia Civil de Icaraíma. “Eles foram sequestrados e mantidos em cativeiro pelos bandidos, que queriam dinheiro. Só foram mortos depois, quando a situação saiu do controle”, disse.
Segundo ela, o estado de conservação dos corpos não seria compatível com os 44 dias em que, segundo a polícia, teriam permanecido enterrados em uma cova rasa no meio da mata. O reconhecimento dos cadáveres foi feito pela advogada das famílias, na Polícia Científica de Umuarama/IML, sem dificuldade.
Após a liberação dos corpos pelo Instituto Médico-Legal, as famílias têm o direito de solicitar perícias independentes, realizadas por peritos particulares ou médicos legistas contratados. Esse recurso é comum em casos de suspeita de erro, omissão ou quando há desconfiança sobre a versão oficial.
No entanto, para que o procedimento seja realizado, é necessária autorização judicial. O pedido deve ser fundamentado.
“Infelizmente, não conseguiremos fazer a perícia independente antes de sepultarmos os corpos. Então, definimos contratar peritos particulares para revisar os documentos que vão ser emitidos e pedir exames complementares, em caso de exumação, que só pode ocorrer após autorização judicial”, explicou Meiriany.
O que diz o delegado Gabriel Menezes
O delegado-chefe da 7ª Subdivisão da Polícia Civil do Paraná, Gabriel Menezes, refutou as acusações das famílias, inclusive a de que os corpos só teriam sido encontrados graças a um suposto mapa elaborado por um desafeto da família Buscariollo.
“Não existe nenhum mapa de desafeto. A gente ficou quase trinta horas sem parar procurando e cavando em todo lugar. Se esse mapa existe, faltou entregar para a polícia”, disse o delegado.
Ele também rebateu as críticas das famílias sobre a condução das investigações. “Quanto à fala das esposas, desde a primeira semana elas acusam a polícia de envolvimento. A gente não levou isso em conta por entender o trauma da família. Nosso papel é trabalhar e mostrar resultados. Não vamos transformar um caso tão grave e sensível em um debate público com os familiares, que têm todo direito de manifestar a dor que estão sentindo”.
Edilson Miaqui, chefe da Polícia Científica, alinhou-se à fala do delegado. “As instituições policiais possuem um papel sensível e, muitas vezes, difícil de ser compreendido por quem não vivencia os limites da lei que somos condicionados”.
Os corpos de Rafael Juliano Marascalchi, 43 anos; Robishley Hirnani de Oliveira, 53; e Diego Henrique Afonso, 33, não haviam chegado às suas cidades, no interior paulista. Rafael e Robishley, ambos de São José do Rio Preto, serão velados juntos, na mesma sala, no Cemitério Jardim da Paz.
O corpo de Alencar Gonçalves de Souza chegou a Icaraíma por volta das 23h30 de sexta (19), sendo recebido por familiares e amigos próximos em uma cerimônia reservada. O sepultamento ocorreu ainda na mesma noite, no Cemitério Municipal da cidade.
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