Nos anos anteriores, novembro já contava com três feriados: Dia 2, Finados; dia 14, aniversário do município; e dia 15, Proclamação da República. Lideranças empresariais dizem que a adição de mais um feriado e a redução de dias úteis podem afetar o rendimento de vendas e prestação de serviços em um mês chave, reta final do ano.
Davi Nesi, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Francisco Beltrão, diz que esta é uma época fundamental para o comércio, momento de aquecimento das vendas, em que a procura aumenta tanto por beltronenses quanto por moradores das cidades vizinhas que visitam o município, mas os feriados impactarão nos resultados.
Outro fator apontado por Davi Nesi são colaboradores comissionados que perdem o dia de venda e não conseguem recuperar facilmente. “É difícil recuperar um dia de venda que não existiu. Acaba acumulando, aumentando a meta diária a ser cumprida, principalmente quando tem esses feriados que acontecem próximo ao fim de semana. O pessoal viaja, e muita gente vai viajar, acaba gastando e comprando em outros locais.”
Apesar de ainda não existir solicitação da instituição, Davi opina que, no cenário atual, o ideal seria voltar a comemorar o aniversário de Beltrão na “data correta” – até 2012, o feriado era em 14 de dezembro, dia da instalação do município.
Das grandes empresas aos profissionais autônomos
A empresária Vera Franciosi Schmitz, proprietária da Loja Tic Tac, diz que é preciso planejamento para minimizar os impactos dos feriados. “Embora as vendas caiam nos feriados, tentamos compensar essa perda com o aumento das vendas nos dias que antecedem ou sucedem o feriado. Esse fechamento forçado exige um planejamento cuidadoso para minimizar os efeitos negativos no faturamento mensal.”
O empresário Jeferson Nunes, profissional autônomo do ramo de prestação de serviços em climatização, diz que os feriados de fim de ano são os piores em sua atividade. É o período de potencial crescimento na demanda de serviços, devido ao aumento das temperaturas, mas viagens e imprevistos o fazem perder clientes.
“O cliente iria fazer a manutenção, mas decidiu viajar. Então depende do que acontecer na viagem. Se estourar o cartão, estragar o carro, ele pode ter que gastar mais do que o previsto. Isso faz com que desista da instalação, da limpeza ou da compra do aparelho. É que nem diz aquela história: começo de ano ninguém tem dinheiro, porque gasta tudo no Natal e Ano Novo.”
Para indústrias, compensa mais pagar o feriado do que parar
Outro setor afetado é o das indústrias, que, de acordo com Edgar Behne, diretor-presidente do Grupo MSA/Marel, diretor do Sistema Fiep e presidente do Sindimadmov, têm optado em arcar com os custos dos feriados para manter a linha de produção ativa.
“Às vezes, um feriado no meio da semana, dependendo do ramo industrial, você tem que começar o processo todo de novo. As indústrias estão quase ignorando os feriados, trabalhando meio direto. Isso, claro, tem um custo maior para as empresas. Mas, no final, não tem outra forma. O prejuízo de você parar e retomar as atividades, o teu processo, é muito maior.” Edgar diz que não concorda com o número de feriados nacionais, e que isso gera um impacto grande na economia do país. Enquanto liderança regional do setor, ele afirma que o conselho de legislação da Fiep está fazendo um estudo para apresentar aos parlamentares. “Nós acreditamos e temos a certeza que o Brasil deveria fazer o contrário, diminuir os feriados porque nossas indústrias precisam produzir mais. Os nossos legisladores não estão pensando muito, não estão refletindo quando criam esses feriados sem muitas explicações.”
JdB