Um grupo de estudantes do Paraná está construindo camas para doar a vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. A iniciativa é do Colégio Estadual Florestal de Educação Profissional Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Colégio Florestal de Irati, da região central do estado.
Pelo menos 100 camas vão sair da serraria do colégio. Elas serão enviadas a gaúchos desabrigados pelo Corpo de Bombeiros da cidade, com a intenção de dar mais conforto a quem perdeu tudo.
"Assistindo reportagens a gente viu a necessidade das pessoas, principalmente idosas, gestantes, e acamadas, que estão alojadas nos ginásios de esportes em colchões no chão. Aí a gente pensou que isso era muito ruim, e pra dar um pouco mais de conforto para as pessoas, como a gente tem essa facilidade aqui na escola da infraestrutura, da mão de obra e dos insumos pra fazer, pensamos em fazer camas pra fazer pra mandar para o pessoal", explica o diretor na unidade didático-produtiva, Igor Felipe Zampier.
As estruturas estão sendo feitas com madeira beneficiada e serão enviadas pré-montadas para facilitar a logística. Para ficarem prontas, precisam apenas de oito parafusos, segundo a equipe.
O colégio oferece Ensino Médio regular e matérias específicas sobre o ciclo de produção de madeira. A instituição tem 50 anos e foi a primeira da América Latina a oferecer curso técnico em Floresta.
"O que eles aprendem no dia-a-dia dentro de toda a cadeia produtiva da madeira tem que ter um uso, um benefício, tem que haver uma utilidade para o que um técnico produz. E é nisso que estamos trabalhando com eles", explica a diretora geral do colégio, Mariane Pierin Gemin.
A ideia surgiu após uma campanha inicial de arrecadação de mantimentos, quando os alunos pensaram em usar, também, a estrutura do colégio para produzir os estrados das camas. Aulas práticas de produção são comuns, e o objetivo foi ampliado de apenas aprender a também ajudar. "A gente dorme todos em lugares bons e aquelas pessoas que perderam tudo - casa, móveis - estão dormindo no chão. E agora, que está vindo uma frente fria, eu acho que seria bem gratificante fazer uma cama pra eles dormirem mais aconchegados", avaliou o estudante Rafael Elias Kutz.
O comprometimento dos jovens chamou a atenção dos professores. A expectativa inicial era produzir 50 camas em uma semana, mas a meta foi alcançada em apenas dois dias.
"Fiquei surpreendido e emocionado com a ação dos alunos. Vindo deles, essa iniciativa faz com que a gente acredite que o futuro ainda tem esperança", afirma Igor.
G1PR